A tragédia de 08 de janeiro de 2023 é resultado de nossa inconsciência política, afirma Gylvander Peres

Para o cientista político que concedeu entrevista ao Impacto Tocantins os atentados de 08 de janeiro constituiram o desgoverno de Jair Bolsonaro.

O 8 de janeiro de 2023 entrou para a história do Brasil como o dia em que a democracia brasileira foi colocada em xeque. Para analisar e comentar sobre esse episódio o Jornal Impacto Tocantins conversou com o cientista político Gylwander Peres, em entrevista exclusiva para esse veículo que transformamos em matéria.

Para Peres, o 8 de janeiro de 2023 foi um dia trágico, triste para a história da democracia brasileira, que deve ser lembrado de forma didática para que episódios como esse não se repitam nunca mais. “Um dia muito triste, mas que deve ser lembrado, que não saia da memória coletiva do país. . Que precisa estar estampado, para que nunca mais ocorra. Que desperte a consciência e sirva de exemplo para que outras tentativas não aconteçam”, afirmou.

“Devemos realizar um exercício de consciência para entendermos porque chegamos a essa tragédia, porque permitimos que os espaços da política fossem ocupados por figuras antipolíticas e antidemocráticas, o 8 de janeiro é resultado do bolsonarismo”, afirmou o analista político. Segundo Gylwander Peres se faz necessário analisar todo o processo desde 7 de setembro de 2021, quando Bolsonaro reuniu multidões, acusou o Supremo Tribunal Federal, disse que não ia obedecer a ordens e decisões do supremo. Depois, no dia 30 de outubro, quando ele não reconheceu o resultado das eleições de 2022. Depois, no dia 12 de dezembro, quando houve um ensaio geral do 8 de janeiro, com quebra-quebra em Brasília. “Havia uma minuta de golpe pronta”, complementa.

“O 8 de janeiro representou a negação Estado de Direito. As pessoas precisam entender que sem Estado de Direito, não existe garantia das liberdades , não existe a garantia de políticas públicas que possam desenvolver a igualdade e o desenvolvimento social, que sem política e sem democracia o que vai existir é o caos”, disse Peres. O analista conceituou que o 8 de janeiro deixa a marca de que, por mais que se enraíze, a democracia e os seus ritos precisam ser constantemente defendidos pelas instituições do país.

O cientista político disse que o que ocorreu naquele dia não foi uma corriqueira manifestação democrática contra as eleições. “Não foi nada disso. Foi uma tentativa de golpe, manifestada por diversos polos da sociedade, diversas pessoas que manipularam outras que foram à Esplanada para destruir o sistema e o governo eleito que estava assumindo. Nesse dia, ficou claro que as forças antidemocráticas conspiravam contra o Estado de Direito Temos que ter essa compreensão “.

Conforme Peres, é fundamental, neste momento, reiterar o compromisso intransigente de defesa da democracia, do Estado Democrático de Direito e das instituições, pois, segundo ele, o verme do autoritarismo continua vivo na sociedade brasileira.

“O que se viu em dia 8 de janeiro foi um ato de infidelidade à democracia e à constituição brasileira. Felizmente as nossas instituições são fortes e impediram a repetição de 1960. “ Gylwander Peres finaliza reiterando que os episódios de de 8 de janeiro do ano passado constituíram o governo de Jair Bolsonaro., “ melhor o desgoverno”. “ Um presidente que foi contra a democracia, contra as eleições, defensor do arbítrio.”

Por: Marcelo Coelho