A decisão do ministro Mauro Campbell Marques, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que determinou o afastamento do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, e da primeira-dama, Karynne Sotero, trouxe à tona um esquema de corrupção de grandes proporções, considerado por investigadores o maior já apurado na história do Estado.
As investigações conduzidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal (MPF) apontam para um sofisticado sistema de pagamento de propinas, manipulação de contratos e uso de empresas de fachada para desvio de recursos públicos. Conversas interceptadas com autorização judicial revelam a atuação de operadores ligados ao núcleo político do governo estadual, que negociavam vantagens indevidas em troca de favorecimentos em licitações e contratos administrativos.
Diálogos comprometem operadores e revelam resistência em Colinas
Entre os diversos municípios citados nas investigações, o nome de Colinas do Tocantins aparece em destaque por um motivo oposto: a resistência do prefeito Josemar Kasarin em compactuar com práticas ilícitas.
Relatórios da Polícia Federal incluídos no processo revelam que, em Colinas, um processo administrativo foi cancelado por ordem direta do prefeito, após denúncias de cobrança de propina envolvendo um secretário municipal. O documento cita expressamente o motivo do cancelamento:
“.em face do fracasso das negociações em virtude de denúncias de propina que atingiram o secretário, motivando o cancelamento do processo por temor do prefeito de Colinas/TO.”
Interceptações telefônicas entre os operadores do esquema — identificados como Kaká Lucena e PC Lustosa — demonstram a irritação dos articuladores diante da decisão de Kasarin de não autorizar contratos suspeitos:
KAKÁ LUCENA: “Quando ele [prefeito] me ligou já tinha dito que não iria mais autorizar porra nenhuma porque sabia que tinha esquema pesado lá dentro.”
KAKÁ LUCENA: “Então bicho. Foda-se Kasarin!!!”
PC LUSTOSA: “kkkkkkk”
KAKÁ LUCENA: “Esse secretário foi guloso demais.”
Em outro trecho, Kaká Lucena reconhece que o prefeito já possuía provas das irregularidades e tomou medidas imediatas para evitar prejuízos ao erário:
KAKÁ LUCENA: “O que você está esquentando é que ele [prefeito] já ligou puto da vida porque já tinha informação de que o Secretário estava levando propina e que já tinha provas!!! (…) Ninguém tramita contrato e todos sabem quem entregou o Secretário em Colinas. Foi a própria parente dele e a subsecretária que não estava levando nada e ele não repassou!!!”
Integridade e exemplo de gestão pública
O teor dos diálogos e das decisões administrativas relatadas pela Polícia Federal reforçam que, ao identificar indícios de corrupção, o prefeito Josemar Kasarin adotou postura firme e transparente, determinando o bloqueio de contratações suspeitas e comunicando órgãos de controle.
A decisão do ministro Mauro Campbell Marques cita expressamente a conduta do gestor como ato de prudência e zelo pela coisa pública, contrastando com o comportamento de agentes estaduais que, segundo o STJ, “transformaram a estrutura do governo em um balcão de negócios”.
Enquanto o afastamento de Wanderlei Barbosa e de Karynne Sotero simboliza o colapso de uma estrutura de poder marcada por irregularidades, o caso de Colinas surge como exemplo de integridade e compromisso com a legalidade administrativa.
Tolerância zero à corrupção
A repercussão do caso fortalece o discurso de que a boa gestão pública ainda é possível e que a honestidade permanece como pilar essencial da política tocantinense.
Em Colinas, o cancelamento de processos suspeitos e a ação imediata diante de denúncias demonstram que a administração de Kasarin adota tol.
por: Juca.C.Silva